

Cristal branco sob a luz mediterrânea
Situada em uma pequena cidade da província de Valência, na Espanha,
esta residência construída em 2010 foi projetada por Fran Silvestre e
Maria José Sáez de modo a se integrar ao ambiente natural e urbano. A
simplicidade de sua geometria e a riqueza de seus detalhes a inserem na
produção da arquitetura ibérica contemporânea.
A encosta da montanha que abriga o castelo de Ayora,
município com pouco mais de 5 mil habitantes na província de Valência,
na Espanha, foi o lugar escolhido por um casal de historiadores para
construir sua moradia.
A tarefa de desenhá-la foi entregue à equipe do escritório local Fran Silvestre Arquitectos,
que criou um paralelepípedo branco de três pavimentos, cuja linguagem
formal se insere na produção contemporânea da arquitetura ibérica.
“Revestida com cal branca, a casa foi projetada
para se acomodar ao terreno irregular, no sentido de criar uma
continuidade construtiva. Esta é diminuída pelas aberturas, mas
aumentada por seus contornos, sempre em conformidade com a paisagem
fragmentada do entorno”, diz Fran Silvestre, sócio titular do estúdio e
um dos autores do projeto.
Como uma peça de cristal, o bloco foi esculpido a partir de suas arestas principais, solução pensada com base na carta solar.
Aberturas tiram proveito da luz natural abundante na
região de clima mediterrâneo, onde predominam dias ensolarados e secos.

Além do conforto térmico, o estuque branco integra a casa à paisagem marcada pela montanha
O resultado são aberturas que tiram o máximo proveito da iluminação natural,
farta nessa região de clima mediterrâneo, onde predominam dias
ensolarados e secos. A luz abundante, aliás, era, junto com o máximo de
privacidade, a principal demanda dos proprietários.
O orçamento reduzido, porém, foi um grande
obstáculo para os arquitetos, que decidiram integrar o projeto ao espaço
construído preexistente, respeitando as características do meio
ambiente e utilizando materiais locais, “sem, no entanto, se deixar
levar por um efeito de mimetismo que pudesse gerar um falso sentimento
de historicismo”, acrescenta o arquiteto.
“O que nossa proposta pretende é atender às expectativas das novas gerações, empregando uma linguagem construtiva contemporânea”, ele completa.
Coroada por um castelo, a montanha é rodeada por um manto de antigas construções que formam um tecido branco fragmentado, porém adaptado à topografia.
Nos mesmos moldes, a residência foi concebida inteiramente em contato com o solo,
como um único volume revestido com estuque branco, o que garantiu sua
integração à paisagem urbana e também o conforto térmico.
“Mas a casa é, sobretudo, um reflexo das pessoas que
ali vivem, uma expressão inconfundível da personalidade de seus
moradores. Afinal, o diálogo é sempre um ingrediente-chave no processo
de desenho, que deve oferecer conforto e funcionalidade, examinando os
conflitos e as alegrias cotidianas de cada cliente”, salienta Silvestre.

Como uma peça de cristal, o bloco foi esculpido a partir de suas arestas principais

Concluído no final de 2010, o volume branco de três pavimentos tem
linguagem que se insere na arquitetura contemporânea ibérica
O espaço interno da residência articula-se em torno
do vão gerado pelo núcleo de circulação vertical, que está organizado
em paralelo ao corte da montanha, sem tocála. A garagem e a adega ocupam
o térreo, acima do qual estão dois pavimentos, que somam quatro
dormitórios.
Os dois quartos do primeiro andar estão orientados para um pátio privado, enquanto os dois no piso de cima voltam-se para o imenso vale onde se situa Ayora e contam com vista privilegiada, pois estão acima do nível das casas do entorno. Já o estúdio abre-se para o volume central com pé-direito duplo, incorporando-o.
As áreas orientadas para a encosta - bem como o terraço - são abundantemente iluminadas durante o dia, quando “a luz do sol se reflete na parte da montanha onde está o castelo”, conta o arquiteto.
À noite, a luz branca artificial dos espaços internos - a maioria de lâmpadas fluorescentes - reflete-se na mesma encosta, criando visuais únicas.
A cor branca, aliás, é um elemento que determina o projeto - não apenas nas paredes ou na iluminação, ela está presente no piso externo, feito com blocos intertravados, e no acabamento interno em MDF das portas e da cozinha.
A residência tem, assim, sua complexidade expressa nos recortes feitos na volumetria, nas soluções de planta e também nos detalhes de acabamento.
Os dois quartos do primeiro andar estão orientados para um pátio privado, enquanto os dois no piso de cima voltam-se para o imenso vale onde se situa Ayora e contam com vista privilegiada, pois estão acima do nível das casas do entorno. Já o estúdio abre-se para o volume central com pé-direito duplo, incorporando-o.
As áreas orientadas para a encosta - bem como o terraço - são abundantemente iluminadas durante o dia, quando “a luz do sol se reflete na parte da montanha onde está o castelo”, conta o arquiteto.
À noite, a luz branca artificial dos espaços internos - a maioria de lâmpadas fluorescentes - reflete-se na mesma encosta, criando visuais únicas.
A cor branca, aliás, é um elemento que determina o projeto - não apenas nas paredes ou na iluminação, ela está presente no piso externo, feito com blocos intertravados, e no acabamento interno em MDF das portas e da cozinha.
A residência tem, assim, sua complexidade expressa nos recortes feitos na volumetria, nas soluções de planta e também nos detalhes de acabamento.

De costas para um antigo castelo, a residência tem vista para o vale ocupado pela cidade de pouco mais de 5 mil habitantes

Croqui

A iluminação artificial dos espaços internos é feita com lâmpadas fluorescentes e luminárias customizadas
Semelhante a um cristal, ela é um contraponto ao
ambiente natural e urbano, mas se encaixa perfeitamente nesse contexto.
Fran Silvestre considera difícil estabelecer quais foram as influências
diretas para este trabalho.
“Talvez as casas de José Antonio Coderch ou a arquitetura de Álvaro Siza, que evidenciam a tradição mediterrânea de maneira tão inovadora, tenham atuado como referência. A maior parte do projeto, porém, é uma reinterpretação da arquitetura tradicional da região onde se insere, uma área bem preservada de Ayero chamada Los Altos”, explica o arquiteto, que já trabalhou no escritório do português Siza.
“É verdade que a formação como colaborador em seu estúdio se reflete na proposta, especialmente na relação entre o desenho e o meio ambiente. Certamente a adaptação à topografia, o vão e o terraço de frente para a colina, o uso de painéis de madeira, o estuque branco são fatores comuns não somente à nossa produção, mas a toda a arquitetura ibérica”, conclui.
“Talvez as casas de José Antonio Coderch ou a arquitetura de Álvaro Siza, que evidenciam a tradição mediterrânea de maneira tão inovadora, tenham atuado como referência. A maior parte do projeto, porém, é uma reinterpretação da arquitetura tradicional da região onde se insere, uma área bem preservada de Ayero chamada Los Altos”, explica o arquiteto, que já trabalhou no escritório do português Siza.
“É verdade que a formação como colaborador em seu estúdio se reflete na proposta, especialmente na relação entre o desenho e o meio ambiente. Certamente a adaptação à topografia, o vão e o terraço de frente para a colina, o uso de painéis de madeira, o estuque branco são fatores comuns não somente à nossa produção, mas a toda a arquitetura ibérica”, conclui.
Texto de Fabio de Paula
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 379 Setembro de 2011
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 379 Setembro de 2011


Maria José Sáez, formada pela ETSA de Valência e com especialização em edificações, colabora com Silvestre desde 2003 e associou-se ao estúdio Fran Silvestre Arquitectos em 2010

As áreas orientadas para o jardim, bem como o terraço, são iluminadas com abundância durante o dia

A garagem e a adega ocupam o térreo, acima do qual estão dois andares, cada qual com dois dormitórios

Além dos recortes na volumetria e das soluções de planta, a complexidade do projeto se expressa nos detalhes de acabamento

O espaço interno articula-se em torno do vão gerado pelo núcleo de circulação vertical

Os corredores e o estúdio abrem-se para o volume central, que tem pé-direito duplo

O branco predomina não apenas nas paredes e na iluminação, mas também no acabamento interno em MDF das portas e da cozinha
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